Em um domingo desses, parou e perguntou o que era aquilo. Ao que logo veio a resposta: Capoeira. Frequentavam essa vadiação, nomes conhecidos da Capoeira de Campo Grande, como finado Pelézão, Neném entre outros. O primeiro contato com a roda, foi repentino:
"Um rapaz me empurrou no meio da roda de Capoeira, e já foi pulando de cá para lá, e o pé vindo, e eu dizendo: “- Eu num sei nada não!”, e o Rapaz – “Sabe sim!”.
Saiu daquele momento, encantado com a Capoeira. Nos domingos , ia jogar futebol e já passava pra ver a Capoeira. Com o tempo, descobriu num bairro chamado Vila Carvalho, o Mestre Lampião, que ensinava Capoeira. Um companheiro , o Aguinelo , o levou pra conhecer essa Capoeira, onde treinou por um ano, mais ou menos. Depois de um tempo, chegou no bairro onde morava o Mestre Cesar da Massaranduba, lecionando aula de Capoeira na escola do bairro. A partir deste retorno não saiu da Capoeira mais.
Em 1986, se formou Professor de Capoeira, e depois passou a Contra Mestre, e em 2010 a Mestre, com o reconhecimento da comunidade da Capoeira. Tem seu trabalho com a Capoeira junto a seu grupo chamado Camuanga de Angola, no qual dá andamento tendo trabalhos dentro da universidade, e em outros locais. como o projeto com crianças no bairro onde mora chamado "Projeto Camuanguinha”.
Sobre sua linhagem dentro da Capoeira, rememora a linha de transmissão dos saberes que chegaram até ele da seguinte maneira:
"Fui aluno de Cesar, Cesar foi aluno de Zé Mario da cidade baixa, na Bahia, na Massaranduba e Zé Mario foi aluno de Nilton, e Nilton foi aluno de Pirrô, e Pirrô foi aluno de Zeca do Uruguai, aquele que ensinou Mestre Canjiquinha a tocar berimbau. Zeca do Uruguai, aprendeu com Siri de Mangue e Canario Pardo esse pessoal. Ele também era primo de Mestre Cobrinha Verde. Então é dai que eu venho, minha linhagem vem daí".
É filiado a ABCA (Associação Brasileira de Capoeira Angola) e desta experiência ressalta: “Eu consegui na ABCA, pega ainda um pessoal muito bom de Capoeira que tava vivo ainda, eu fui treinar. Mestre Gildo me levou lá, fiz algumas aulas na Academia de Mestre João Pequeno, onde eu conheci Mestre Jogo de Dentro e é meu amigo até hoje".
Na sua forma de entender e viver a filosofia da Capoeira enfatiza o processo interior e politico do capoeirista : "tô aprendendo a Capoeira, porque a Capoeira não tem fim. Ela só tem um começo. No meu começo eu via essa Capoeira e falava assim, porque esse pessoal passa a tarde inteira jogando Capoeira? Hoje eu vejo a responsabilidade da Capoeira, a resistência, eu sinto a Capoeira Angola como uma resistência. A gente tá dentro dela pra resistir. Então eu vejo ela com uns olhos, de muito amor, por isso eu luto por ela mesmo, pra resistir seus fundamentos, suas tradições, pra manter esses fundamentos, essas tradições".
Sua luta em defesa da Capoeira Angola envolve todo seu cotidiano, amigos e família. Seus dois filhos são treneis dentro de seu grupo o auxiliando no desenvolvimento de seu trabalho, bem como os demais alunos.
"Sou muito feliz com isso, com a Capoeira Angola, porque ela me fortalece todos os dias, ainda não tenho uma história muito grande, ainda sou pequeno na Capoeira, meu apelido é Pequeno, e eu acho que eu sou pequeno ainda na Capoeira Angola. Eu tô construindo a minha história, acredito que daqui mais vinte, trinta anos eu vou ter um pouco mais pra contar, mais pra falar da Capoeira Angola, porque ainda, pelo apelido, eu sou pequenininho. Mas essa é uma pequena história da minha familia. A Capoeira Angola me dá tudo. Eu tenho uma família toda Capoeirista, minha esposa é Capoeirista, meus filhos é Capoeirista. Nós somos uma família de Capoeirista, então eu sou muito feliz de estar na Capoeira. Agora já veio uma neta, tá com quatro meses e já ta no meio da Capoeira, sentindo o som do berimbau. Então é isso, essa minha pequena historia, pequena mesmo, porque eu tenho muito oque aprender”
(Mestre Pequeno para o blog Hortolândia tem Angola - Nov. 2018)